EU SOU

eu sou aquela confusão

entre torcidas dentro do estádio

sou uma disputa entre mente e coração

sou aquilo que toca e tocou no rádio


sou aquilo que se perdeu

e também o que foi encontrado

sou tudo o que não aconteceu 

e também o que ficou no passado


sou flor que desabrochou no chão

e seus afiados espinhos

sou inverno, sou verão

sou inicio e o fim de todos meus caminhos


sou composta pelas minhas confusões,

feito de inúmeras contradições, 

não tento mais procurar sentido, 

pois cada vez que tento eu fico mais perdido


sou a sombra na escuridão

e o pássaro no raiar do dia

sou os versos da mais triste

canção cantada em ritmo de alegria 


sou a falta de ar

o vento que sopra o mar

a criança que teme o escuro

a Berlim separada por um muro


eu sou a miséria

cercada de abundância

o excesso de matéria

para suprir sua ganância


sou a união soviética,

um grito de revolução

eu sou a ala poética

restaurando cada coração 


sou o sangue para o sacrifício,

o piche no edifício,

a chuva de verão,

a barulhenta multidão


sou o fundo do poço

e acompanhante da solidão

sou apenas um esboço

da mais bela imperfeição.  


Rebeca Lima

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